Recebi bastante interesse da parte de vários leitores que queriam saber os pormenores da cirurgia a que fui submetida: correcção percutânea
Hallux Valgus.
Decidi descrever e condensar o primeiro mês desde a cirurgia num só post, coisa que eu gostaria de ter lido quando me preparava para este procedimento.
::::::::::::::::::
Os desvios inestéticos nos meus pés provocavam-me dores e feridas com quase todo o tipo de calçado (e não estou a falar de saltos altos). Ultimamente calçava só sabrinas, mas a dor ao fim do dia estava sempre lá: subia pelo peito do pé e chegava até à perna. Nas costas também sentia enorme cansaço e dor localizada.
Falei inicialmente neste problema ao meu médico de família que me indicou um hospital ortopédico. Apenas tive de pagar (isto suscitou algumas perguntas) a consulta inicial e uma radiografia, o que rondou os 10,50€ (com credencial do centro de saúde). A cirurgia foi totalmente comparticipada pelo estado.
Foi uma cirurgia percutânea, o que significa que foi feita da forma menos invasiva possível: apenas 3 furinhos em cada pé por onde foram operados os instrumentos. Isto significa um menor número de cicatrizes e uma recuperação mais rápida.
Fiquei internada apenas uma noite, e tive alta logo na manhã seguinte. Pude sair pelo meu próprio pé, com ajuda de canadianas, e sem calçado especial no meu caso específico.
Estava muito bem disposta e não sentia dores (estava a tomar analgésicos), mas não conseguia colocar os pés no chão de forma conveniente, o que me dava aquele andar de gato com pantufas...
 |
Dia 1 - A saída do hospital. |
Quando saí do hospital fui comprar uns
crocs 2 números acima, e foi com eles que andei durante duas semanas. Tinham forro amovível e eram muito fofinhos e leves.
Os meus pés traziam muitas ligaduras com um almofadado na zona plantar. Eram confortáveis e quentes, e é por isso que acho que esta seja a melhor altura do ano para fazer esta cirurgia. Nem imagino o calor que se deve sentir no Verão! Já para não falar que estamos muito mais limitados em matéria de calçado (no Inverno pude calçar os
crocs e logo em seguida umas botas rasas acolchoadas).
 |
Dia 1 |
É necessário muito repouso, pés levantados e aplicações regulares de gelo. Até à data da remoção das ligaduras e pontos (12 dias depois), tomei banho sentada num banquinho dentro da banheira e com os pés para fora para não os molhar.
Alguns dias depois, os dedos dos pés começam a ficar negros e inchados, e isso é normal.
 |
Dia 5 |
Eu conseguia fazer muita coisa em casa: arrumar os quartos, tratar da roupa e preparar refeições ligeiras; só não podia era ficar de pé muito tempo seguido.
No dia 6, comecei a conduzir em trajectos curtos (ir levar e buscar os miúdos à escola). Foi óptimo conseguir fazer isso passados tão poucos dias da cirurgia.
A segunda semana foi talvez a pior. Sentia-me muito cansada e desanimada. Após esse período, senti sempre melhorias a cada dia que passava.
No dia 12, fui tirar as ligaduras e os pontos: apenas 3 pontinhos em cada pé. Comecei a usar uns separadores interdigitais que terão de ser usados 24 horas por dia durante um mês (ainda os tenho neste momento). Foi-me aplicado um penso líquido nas feridas, que não pôde ser removido por 10 dias.

No dia 15, deixei de tomar os analgésicos que me foram prescritos e embora os pés ainda estivessem um pouco inchados, comecei a calçar umas botas rasas confortáveis. Quando andava na rua, usava uma canadiana para me auxiliar, mas em casa não era necessário.
Por volta da 4ª semana já podia andar quase normalmente (e sem a ajuda da canadiana), e dobrando ligeiramente o pé.
Agora, na 5ª semana, já consigo andar normalmente e até consigo colocar-me em bicos de pés sem apoio.
Estou contentíssima com os resultados e com o modo como tudo se processou.
Os meus pés ainda se estão a moldar á sua forma final, mas já consigo perceber que valeu tudo muito a pena.
O meu caso não era muito grave mas já me causava imenso mal estar. Desde os meus doze anos que esta situação começou a evoluir e tudo graças à minha herança genética (muito obrigadinha!).
Não me foi indicada qualquer fisioterapia ou tratamentos posteriores. Um mês e meio após a operação, irei a nova consulta para avaliação de resultados.
Ao contrário do que se pensa, é melhor tratar este problema numa fase inicial, ao invés de deixar que evolua.
Espero que o meu testemunho tenha elucidado algumas dúvidas, ou até incentivado a quem possa padecer deste mal. Cuide de si!