Esta que vos escreve completa hoje mais um aniversário. 34 Verões. Caramba, que rápido. Ainda agora estava a escrever sobre o aniversário passado.
Gosto muito desta fotografia tirada em Lisboa há mais de 30 anos. Lembro-me de querer andar sempre com uma malinha a tiracolo para onde quer que fosse, e lembro-me desta em particular. Mas não gostava assim tanto de meias de renda... eram rijas e escorregavam constantemente.
Bom fim de semana!
sexta-feira, 18 de julho de 2014
segunda-feira, 30 de junho de 2014
Cirurgia de Correção Hallux Valgus :: 18 meses Depois
A pedido de muitas famílias (sensivelmente uma por semana), venho mostrar os resultados da minha cirurgia feita há 18 meses e que consistiu na correção percutânea bilateral Hallux Valgus (vulgo, joanetes).
Na altura, publiquei dois posts sobre a cirurgia e o primeiro mês de recuperação, onde descrevo o tipo de cirurgia e aspectos relacionados com a mobilidade, dor e recuperação.
Neste post pretendo mostrar os resultados que parecem ter deixado curiosas imensas leitoras que me contactam frequentemente e que sofrem do mesmo mal. Também o faço por julgar ser importante divulgar este tipo de intervenção e a minha experiência pessoal no que toca a esta mazela ortopédica.
Quando olho para as fotos que tirei antes da cirurgia é que reparo no grau de deformidade que os meus pés já apresentavam! Lembro-me que a deformação avançou bastante nos últimos dois anos que antecederam a cirurgia: os meus dedos grandes começavam a sobrepor-se e todos os outros pareciam estar deformados também. A imagem seguinte mostra uma imagem dos meus pés em carga (de pé). É possível ver-se no pé direito pequenos ferimentos causados pelo roçar dos sapatos.
Esta outra imagem à esquerda mostra os meus pés em repouso. É bem notória a diferença e a deformação até parece menor em relação à imagem anterior.
A imagem à direita mostra o 15º dia após serem removidas as ligaduras e pontos. Foi necessário usar os espaçadores em silicone por um mês (e sempre fixos com fita adesiva). Este é um dos motivos que me leva a aconselhar a fazer esta cirurgia durante os meses mais frios: poderá usar calçado mais fechado e confortável, e ninguém reparará sequer que se submeteu a esta intervenção. Escapará ainda ao calor que as ligaduras que mais parecem umas pantufas provocam (e que só serão removidas após 12 dias).
No meu caso pessoal, as dores da correção foram diminuindo gradual e lentamente. Após o primeiro mês já me foi possível caminhar normalmente e levar uma vida perfeitamente normal, mas sentia um pouco de dor ao flectir (colocar em pontas de pés, por exemplo) e ao saltar. Penso que foi por volta dos 4 ou 5 meses que deixei de sentir qualquer desconforto que me lembrasse a cirurgia. Cada caso é um caso e os tempos de recuperação poderão ser um pouco diferentes de pessoa para pessoa. Eu considero que tive uma óptima recuperação e sinto-me privilegiada por ter conseguido começar a conduzir em trajectos curtos logo a partir do sexto dia da cirurgia.
Devo sublinhar que tanto o lado estético como a parte motora estão agora a funcionar muito melhor. Já consigo calçar todo o tipo de sapatos sem estes me causarem feridas por ter o pé muito largo, assim como fazer longas caminhadas sem me começarem a doer a zona deformada do dedo grande, tornozelos e até as tíbias. Era um problema que afectava a minha marcha a vários níveis.
Esteticamente, foi uma grande melhoria também, e da cirurgia percutânea apenas restaram 3 marquinhas em cada pé (que mal se vêem).
Conforme me foi muitas vezes inquirido, adianto que as custas deste tipo de cirurgia poderão ser inteiramente comparticipadas pelo estado (pelo menos por enquanto...). No meu caso, contactei o meu médico de família e expus o meu problema. Foi-me emitida uma credencial para um Hospital Ortopédico para onde fui encaminhada, e onde apenas paguei alguns exames como análises e radiografias e três consultas (pré-cirurgia, pós-cirurgia e remoção de pontos). Creio que gastei menos de 35€ nestas despesas. A cirurgia feita no privado pode custar 10 000€...
Em relação ao número que calçava, esse manteve-se. Pensei que ao ficar com os dedos mais direitinhos isso pudesse significar que o pé ficava ligeiramente maior mas não, pelo contrário! A correção que é feita desbasta um pouco do osso e o meu dedo ficou efectivamente mais curto, mas não o suficiente para calçar um número inferior.
E agora já posso calçar todo o tipo de sandálias sem estas me magoarem ou assentarem de um modo estranho... Agora o meu pé já não fica tipo splat! quando estou de pé:
É aconselhável consultar um médico quando os primeiros sinais de desconforto se começam a manifestar ao invés de deixar que a situação se agrave. No meu caso, a deformação e incómodos começaram a instalar-se lentamente a partir dos meus doze anos, graças a essa bonita dádiva que é a herança genética. Passados 20 anos submeti-me à correção e não poderia estar mais contente com os resultados e toda a experiência. Aconselho vivamente a quem sofrer do mesmo mal.
Boa semana!
Na altura, publiquei dois posts sobre a cirurgia e o primeiro mês de recuperação, onde descrevo o tipo de cirurgia e aspectos relacionados com a mobilidade, dor e recuperação.
Neste post pretendo mostrar os resultados que parecem ter deixado curiosas imensas leitoras que me contactam frequentemente e que sofrem do mesmo mal. Também o faço por julgar ser importante divulgar este tipo de intervenção e a minha experiência pessoal no que toca a esta mazela ortopédica.
Quando olho para as fotos que tirei antes da cirurgia é que reparo no grau de deformidade que os meus pés já apresentavam! Lembro-me que a deformação avançou bastante nos últimos dois anos que antecederam a cirurgia: os meus dedos grandes começavam a sobrepor-se e todos os outros pareciam estar deformados também. A imagem seguinte mostra uma imagem dos meus pés em carga (de pé). É possível ver-se no pé direito pequenos ferimentos causados pelo roçar dos sapatos.
Esta outra imagem à esquerda mostra os meus pés em repouso. É bem notória a diferença e a deformação até parece menor em relação à imagem anterior.
A imagem à direita mostra o 15º dia após serem removidas as ligaduras e pontos. Foi necessário usar os espaçadores em silicone por um mês (e sempre fixos com fita adesiva). Este é um dos motivos que me leva a aconselhar a fazer esta cirurgia durante os meses mais frios: poderá usar calçado mais fechado e confortável, e ninguém reparará sequer que se submeteu a esta intervenção. Escapará ainda ao calor que as ligaduras que mais parecem umas pantufas provocam (e que só serão removidas após 12 dias).
No meu caso pessoal, as dores da correção foram diminuindo gradual e lentamente. Após o primeiro mês já me foi possível caminhar normalmente e levar uma vida perfeitamente normal, mas sentia um pouco de dor ao flectir (colocar em pontas de pés, por exemplo) e ao saltar. Penso que foi por volta dos 4 ou 5 meses que deixei de sentir qualquer desconforto que me lembrasse a cirurgia. Cada caso é um caso e os tempos de recuperação poderão ser um pouco diferentes de pessoa para pessoa. Eu considero que tive uma óptima recuperação e sinto-me privilegiada por ter conseguido começar a conduzir em trajectos curtos logo a partir do sexto dia da cirurgia.
Devo sublinhar que tanto o lado estético como a parte motora estão agora a funcionar muito melhor. Já consigo calçar todo o tipo de sapatos sem estes me causarem feridas por ter o pé muito largo, assim como fazer longas caminhadas sem me começarem a doer a zona deformada do dedo grande, tornozelos e até as tíbias. Era um problema que afectava a minha marcha a vários níveis.
Esteticamente, foi uma grande melhoria também, e da cirurgia percutânea apenas restaram 3 marquinhas em cada pé (que mal se vêem).
Conforme me foi muitas vezes inquirido, adianto que as custas deste tipo de cirurgia poderão ser inteiramente comparticipadas pelo estado (pelo menos por enquanto...). No meu caso, contactei o meu médico de família e expus o meu problema. Foi-me emitida uma credencial para um Hospital Ortopédico para onde fui encaminhada, e onde apenas paguei alguns exames como análises e radiografias e três consultas (pré-cirurgia, pós-cirurgia e remoção de pontos). Creio que gastei menos de 35€ nestas despesas. A cirurgia feita no privado pode custar 10 000€...
Em relação ao número que calçava, esse manteve-se. Pensei que ao ficar com os dedos mais direitinhos isso pudesse significar que o pé ficava ligeiramente maior mas não, pelo contrário! A correção que é feita desbasta um pouco do osso e o meu dedo ficou efectivamente mais curto, mas não o suficiente para calçar um número inferior.
E agora já posso calçar todo o tipo de sandálias sem estas me magoarem ou assentarem de um modo estranho... Agora o meu pé já não fica tipo splat! quando estou de pé:
É aconselhável consultar um médico quando os primeiros sinais de desconforto se começam a manifestar ao invés de deixar que a situação se agrave. No meu caso, a deformação e incómodos começaram a instalar-se lentamente a partir dos meus doze anos, graças a essa bonita dádiva que é a herança genética. Passados 20 anos submeti-me à correção e não poderia estar mais contente com os resultados e toda a experiência. Aconselho vivamente a quem sofrer do mesmo mal.
Boa semana!
quinta-feira, 18 de julho de 2013
Diga 33
Esta que vos escreve completa hoje 33 Verões.
O ano que passou fez-me sentir mais saudável, mais compreensiva e serena, mais amadurecida e ao mesmo tempo mais jovem!
Preocupo-me menos com o que os outros pensam. De facto, isso nem é da minha conta!
Esforço-me mais por vislumbrar o lado positivo em todas as coisas. Porque todas as coisas têm um lado positivo, mais que não seja pela lição que tiramos delas.
Abro o coração às coisas simples e felizes da vida, e eu tenho tantas mesmo ao pé de mim!
Um óptimo dia a todos os leitores do Arte e Manha.
O ano que passou fez-me sentir mais saudável, mais compreensiva e serena, mais amadurecida e ao mesmo tempo mais jovem!
Preocupo-me menos com o que os outros pensam. De facto, isso nem é da minha conta!
Esforço-me mais por vislumbrar o lado positivo em todas as coisas. Porque todas as coisas têm um lado positivo, mais que não seja pela lição que tiramos delas.
Abro o coração às coisas simples e felizes da vida, e eu tenho tantas mesmo ao pé de mim!
Um óptimo dia a todos os leitores do Arte e Manha.
quinta-feira, 16 de maio de 2013
6 Meses de Crohn
Passaram seis meses desde que fui diagnosticada com doença de Crohn.
Já há muitos anos que padeço desta doença sem o saber, e agora que estou a ser medicada, consigo fazer uma avaliação muito positiva do tratamento.
Foi em 2010 que a minha saúde chegou a um ponto tão crítico que o meu médico de família achou que eu teria uma qualquer doença do foro cancerígeno.
O meu cabelo caía imenso, estava muito magra (47 Kg), sentia palpitações fortes no coração, diarreia, tonturas e não tinha força para nada. Tinha febre todas as semanas, e regra geral, passava o fim de semana no sofá, doente. Estava apática e deprimida. As pessoas em geral diziam-me que eu estava muito branquinha, e acho que ninguém teve uma real noção de quão doente eu me sentia. Pela primeira vez na vida tive medo de morrer.
Fiz tantos exames... Cintigrafias, ecocardiogramas, Holter, electrocardiogramas, ecografias abdominais, ecografias à tiroide, Raios-x, TAC's, e um monte de análises. A única certeza era que eu sofria de uma anemia ferropénica grave, faltava era saber o motivo.
Demorou a encontrar o caminho certo, visto que eu não sentia dores abdominais. Um dos primeiros TAC's revelou uma inflamação numa zona do intestino, mas por qualquer motivo, o meu hematologista da época não deu o devido interesse pois estava convencido que devia ser algo no meu aparelho genital, mesmo quando eu insistia que ia tudo normal nesse campo.
Até então, estava só a tomar sulfato ferroso para equilibrar os meus níveis, mas assim que fazíamos a experiência de parar a toma, os valores de ferro e ferritina iam logo por ali abaixo...
Sinceramente, não sei como foram precisos dois anos para seguir pela direcção certa: a tal inflamação no intestino. Fiz mais uma TAC que revelou o óbvio: uma extensa inflamação no final do intestino delgado. Os exames seguintes foram mais invasivos, - e eu prefiro não falar muito neles, - mas permitiram chegar a um diagnóstico:
Agora estava explicado o motivo da anemia e de todos os outros sintomas. O meu sangue estava tão doente que até o coração tinha dificuldade em bombear de forma afinada, e daí as arritmias e palpitações. A inflamação não só não permitia a correcta e total absorção do ferro, como ainda proporcionava perdas por esse mesmo motivo. É como uma ferida com um palmo de comprimento que não sara.
Agora estou a tomar anti-inflamatórios específicos e imunossupressores.
Os imunossupressores baixam a minha imunidade e pretendem diminuir a resposta ofensiva do meu organismo ao seu próprio órgão. Tenho de ter alguns cuidados, mas a verdade é que mesmo tomando esta medicação que me assustou um pouco ao início, eu sinto-me muito melhor e com mais saúde.
Consegui aumentar uns quilinhos, e tenho agora uns orgulhosos 53 Kg. A roupa assenta-me melhor, sinto-me mais bonita. Até me disseram que ando mais coradinha!
Sinto que tenho mais energia e nunca mais tive febre (nem me tenho constipado tanto).
A anemia também está controlada e não preciso de tomar mais suplementos de ferro.
Felizmente (e isto é o melhor de tudo), posso comer de tudo, pois não há nenhum alimento que me provoque crises ou intolerância.
Apesar de a zona afectada poder ser detectada por palpação abdominal, eu não tenho dores nenhumas (isto surpreendeu o especialista de doenças do intestino que me acompanha agora). Também sinto que o meu sistema digestivo funciona melhor, especialmente à saída :)
Apesar de me sentir bem agora, senti um nó no estômago quando tive de responder num questionário Considera-se uma pessoa saudável? Como é que eu posso responder a isto quando me sinto bem mas sei que tenho uma doença crónica e autoimune...? Sem a medicação volto irremediavelmente ao mesmo quadro de anteriormente. Também não sei o que o futuro me espera, porque podem surgir reviravoltas imprevisíveis no meu organismo. Esta doença é tão diferente de pessoa para pessoa, que não podemos fazer comparações nem obter estimativas a longo prazo ao nível da qualidade de vida.
A ideia é tentar levar uma vida normal sem pensar muito nisto. Um dia de cada vez. E está a ir bem.
Já há muitos anos que padeço desta doença sem o saber, e agora que estou a ser medicada, consigo fazer uma avaliação muito positiva do tratamento.
Foi em 2010 que a minha saúde chegou a um ponto tão crítico que o meu médico de família achou que eu teria uma qualquer doença do foro cancerígeno.
O meu cabelo caía imenso, estava muito magra (47 Kg), sentia palpitações fortes no coração, diarreia, tonturas e não tinha força para nada. Tinha febre todas as semanas, e regra geral, passava o fim de semana no sofá, doente. Estava apática e deprimida. As pessoas em geral diziam-me que eu estava muito branquinha, e acho que ninguém teve uma real noção de quão doente eu me sentia. Pela primeira vez na vida tive medo de morrer.
Nesta fase devia ter uns 47 ou 48 Kg. Estava bastante debilitada e isso notava-se especialmente nos tamanhos da roupa: uns jeans 34 ficavam-me folgados. |
Fiz tantos exames... Cintigrafias, ecocardiogramas, Holter, electrocardiogramas, ecografias abdominais, ecografias à tiroide, Raios-x, TAC's, e um monte de análises. A única certeza era que eu sofria de uma anemia ferropénica grave, faltava era saber o motivo.
Demorou a encontrar o caminho certo, visto que eu não sentia dores abdominais. Um dos primeiros TAC's revelou uma inflamação numa zona do intestino, mas por qualquer motivo, o meu hematologista da época não deu o devido interesse pois estava convencido que devia ser algo no meu aparelho genital, mesmo quando eu insistia que ia tudo normal nesse campo.
Até então, estava só a tomar sulfato ferroso para equilibrar os meus níveis, mas assim que fazíamos a experiência de parar a toma, os valores de ferro e ferritina iam logo por ali abaixo...
Sinceramente, não sei como foram precisos dois anos para seguir pela direcção certa: a tal inflamação no intestino. Fiz mais uma TAC que revelou o óbvio: uma extensa inflamação no final do intestino delgado. Os exames seguintes foram mais invasivos, - e eu prefiro não falar muito neles, - mas permitiram chegar a um diagnóstico:
"A minha amiga tem Doença de Crohn".
Agora estava explicado o motivo da anemia e de todos os outros sintomas. O meu sangue estava tão doente que até o coração tinha dificuldade em bombear de forma afinada, e daí as arritmias e palpitações. A inflamação não só não permitia a correcta e total absorção do ferro, como ainda proporcionava perdas por esse mesmo motivo. É como uma ferida com um palmo de comprimento que não sara.
Agora estou a tomar anti-inflamatórios específicos e imunossupressores.
Os imunossupressores baixam a minha imunidade e pretendem diminuir a resposta ofensiva do meu organismo ao seu próprio órgão. Tenho de ter alguns cuidados, mas a verdade é que mesmo tomando esta medicação que me assustou um pouco ao início, eu sinto-me muito melhor e com mais saúde.
Consegui aumentar uns quilinhos, e tenho agora uns orgulhosos 53 Kg. A roupa assenta-me melhor, sinto-me mais bonita. Até me disseram que ando mais coradinha!
Sinto que tenho mais energia e nunca mais tive febre (nem me tenho constipado tanto).
A anemia também está controlada e não preciso de tomar mais suplementos de ferro.
Felizmente (e isto é o melhor de tudo), posso comer de tudo, pois não há nenhum alimento que me provoque crises ou intolerância.
Apesar de a zona afectada poder ser detectada por palpação abdominal, eu não tenho dores nenhumas (isto surpreendeu o especialista de doenças do intestino que me acompanha agora). Também sinto que o meu sistema digestivo funciona melhor, especialmente à saída :)
Apesar de me sentir bem agora, senti um nó no estômago quando tive de responder num questionário Considera-se uma pessoa saudável? Como é que eu posso responder a isto quando me sinto bem mas sei que tenho uma doença crónica e autoimune...? Sem a medicação volto irremediavelmente ao mesmo quadro de anteriormente. Também não sei o que o futuro me espera, porque podem surgir reviravoltas imprevisíveis no meu organismo. Esta doença é tão diferente de pessoa para pessoa, que não podemos fazer comparações nem obter estimativas a longo prazo ao nível da qualidade de vida.
A ideia é tentar levar uma vida normal sem pensar muito nisto. Um dia de cada vez. E está a ir bem.
terça-feira, 15 de janeiro de 2013
Rir é o Melhor Remédio (ou pelo menos ajuda)
Um dia destes vivi uma das situações mais embaraçosas de sempre. Até já tive pesadelos do género, mas desta vez foi mesmo a sério.
Ora, seria de esperar que uma rapariga que já fez centenas de análises, consultas e exames embaraçosos e invasivos nos últimos dois anos estivesse preparada para mais aquele exame.
Mais uma TAC, nada de especial.
Mas quando o técnico me traz uma bata de pano curtinha, e me diz para ficar apenas de roupa interior e sapatos é que se deu o clique. Carla, não fizeste a depilação.
A sério? - dizia para mim mesma no gabinete. Eu já suava.
Depois pensei: vou entrar ali como se nada fosse. Pode ser que a sala seja escura.
Qual quê! Aquelas lâmpadas potentíssimas na sala permitiam ver de forma exemplar toda e qualquer fibra de pó no ar, quanto mais a quantidade fantástica de folículos pilosos dos meus membros inferiores.
Deitei-me e fiz o exame. Aquele anel gigante do tomógrafo nem me pareceu tão assustador desta vez. Só pensava em sair dali o mais depressa possível.
O exame acaba e vem uma técnica ter comigo para me ajudar a descer do aparelho. Eu ali estendida naquela triste figura: bata de pano reduzida, pernas peludas e sapatos calçados (os sapatos ainda tornavam a cena mais caricata)... de repente defini a minha estratégia: Carlinha, vais-te levantar de queixo erguido e caminhar para fora da sala como se envergasses o último grito da moda.
E assim foi. A tipa ainda fitou a zona crítica (vulgo, os membros hirsutos) por dois segundos (que pareceram mais longos que todas as temporadas do Doctor Who juntas), mas eu perguntei olhando-a nos olhos se estava tudo bem e se me podia vestir.
Caminhei para o gabinete com a postura estóica combinada mentalmente e vesti-me finalmente. Não me lembro bem dos instantes seguintes passados naquele exíguo espaço, mas lembro-me que proferi uns espécimes de vernáculo bem cabeludos, capazes de deixar orgulhoso qualquer líder de claque de futebol.
Enfim, pode ser que um dia ainda me venha a rir disto.
Depois veio o resultado da TAC.
Finalmente tenho o diagnóstico para o mal que me aflige nos últimos anos. Não é nada de muito grave, mas ninguém gosta de saber que tem um problema crónico: Doença de Crohn.
Sinto uma espécie de estranho alívio por finalmente saber a causa da minha anemia, perda de peso (cheguei aos 47kg), cansaço, problemas intestinais, febre, entre outros.
Já estou a ser medicada e assim será... bem, para sempre. A doença não tem cura e é auto-imune, o que significa que o meu organismo é o próprio responsável por esta condição que provoca uma inflamação grave do intestino. Todos os outros sintomas são consequência da inevitável anemia.
Estou a tomar anti-inflamatórios e irei em breve tomar imunossupressores. Esses é que me assustam um pouco: são á base de corticóides e irão diminuir a resposta do meu sistema imunitário, tornando-o mais susceptível a infeções (doente já eu ando, pá!). Um aumento de peso também é possível, além de outros efeitos secundários...
Não tenho andado muito feliz com isto, como é óbvio. Não tenho tido vontade de actualizar o blog, mas agora sinto-me com mais força e até irei fazer posts diferentes do habitual.
Até já!
Ora, seria de esperar que uma rapariga que já fez centenas de análises, consultas e exames embaraçosos e invasivos nos últimos dois anos estivesse preparada para mais aquele exame.
Mais uma TAC, nada de especial.
Mas quando o técnico me traz uma bata de pano curtinha, e me diz para ficar apenas de roupa interior e sapatos é que se deu o clique. Carla, não fizeste a depilação.
A sério? - dizia para mim mesma no gabinete. Eu já suava.
Depois pensei: vou entrar ali como se nada fosse. Pode ser que a sala seja escura.
Qual quê! Aquelas lâmpadas potentíssimas na sala permitiam ver de forma exemplar toda e qualquer fibra de pó no ar, quanto mais a quantidade fantástica de folículos pilosos dos meus membros inferiores.
Deitei-me e fiz o exame. Aquele anel gigante do tomógrafo nem me pareceu tão assustador desta vez. Só pensava em sair dali o mais depressa possível.
O exame acaba e vem uma técnica ter comigo para me ajudar a descer do aparelho. Eu ali estendida naquela triste figura: bata de pano reduzida, pernas peludas e sapatos calçados (os sapatos ainda tornavam a cena mais caricata)... de repente defini a minha estratégia: Carlinha, vais-te levantar de queixo erguido e caminhar para fora da sala como se envergasses o último grito da moda.
E assim foi. A tipa ainda fitou a zona crítica (vulgo, os membros hirsutos) por dois segundos (que pareceram mais longos que todas as temporadas do Doctor Who juntas), mas eu perguntei olhando-a nos olhos se estava tudo bem e se me podia vestir.
Caminhei para o gabinete com a postura estóica combinada mentalmente e vesti-me finalmente. Não me lembro bem dos instantes seguintes passados naquele exíguo espaço, mas lembro-me que proferi uns espécimes de vernáculo bem cabeludos, capazes de deixar orgulhoso qualquer líder de claque de futebol.
Enfim, pode ser que um dia ainda me venha a rir disto.
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Finalmente tenho o diagnóstico para o mal que me aflige nos últimos anos. Não é nada de muito grave, mas ninguém gosta de saber que tem um problema crónico: Doença de Crohn.
Sinto uma espécie de estranho alívio por finalmente saber a causa da minha anemia, perda de peso (cheguei aos 47kg), cansaço, problemas intestinais, febre, entre outros.
Já estou a ser medicada e assim será... bem, para sempre. A doença não tem cura e é auto-imune, o que significa que o meu organismo é o próprio responsável por esta condição que provoca uma inflamação grave do intestino. Todos os outros sintomas são consequência da inevitável anemia.
Estou a tomar anti-inflamatórios e irei em breve tomar imunossupressores. Esses é que me assustam um pouco: são á base de corticóides e irão diminuir a resposta do meu sistema imunitário, tornando-o mais susceptível a infeções (doente já eu ando, pá!). Um aumento de peso também é possível, além de outros efeitos secundários...
Não tenho andado muito feliz com isto, como é óbvio. Não tenho tido vontade de actualizar o blog, mas agora sinto-me com mais força e até irei fazer posts diferentes do habitual.
Até já!
quarta-feira, 21 de novembro de 2012
O Primeiro Mês da minha Cirurgia
Recebi bastante interesse da parte de vários leitores que queriam saber os pormenores da cirurgia a que fui submetida: correcção percutânea Hallux Valgus.
Decidi descrever e condensar o primeiro mês desde a cirurgia num só post, coisa que eu gostaria de ter lido quando me preparava para este procedimento.
Os desvios inestéticos nos meus pés provocavam-me dores e feridas com quase todo o tipo de calçado (e não estou a falar de saltos altos). Ultimamente calçava só sabrinas, mas a dor ao fim do dia estava sempre lá: subia pelo peito do pé e chegava até à perna. Nas costas também sentia enorme cansaço e dor localizada.
Falei inicialmente neste problema ao meu médico de família que me indicou um hospital ortopédico. Apenas tive de pagar (isto suscitou algumas perguntas) a consulta inicial e uma radiografia, o que rondou os 10,50€ (com credencial do centro de saúde). A cirurgia foi totalmente comparticipada pelo estado.
Foi uma cirurgia percutânea, o que significa que foi feita da forma menos invasiva possível: apenas 3 furinhos em cada pé por onde foram operados os instrumentos. Isto significa um menor número de cicatrizes e uma recuperação mais rápida.
Fiquei internada apenas uma noite, e tive alta logo na manhã seguinte. Pude sair pelo meu próprio pé, com ajuda de canadianas, e sem calçado especial no meu caso específico.
Estava muito bem disposta e não sentia dores (estava a tomar analgésicos), mas não conseguia colocar os pés no chão de forma conveniente, o que me dava aquele andar de gato com pantufas...
Quando saí do hospital fui comprar uns crocs 2 números acima, e foi com eles que andei durante duas semanas. Tinham forro amovível e eram muito fofinhos e leves.
Eu conseguia fazer muita coisa em casa: arrumar os quartos, tratar da roupa e preparar refeições ligeiras; só não podia era ficar de pé muito tempo seguido.
Decidi descrever e condensar o primeiro mês desde a cirurgia num só post, coisa que eu gostaria de ter lido quando me preparava para este procedimento.
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Falei inicialmente neste problema ao meu médico de família que me indicou um hospital ortopédico. Apenas tive de pagar (isto suscitou algumas perguntas) a consulta inicial e uma radiografia, o que rondou os 10,50€ (com credencial do centro de saúde). A cirurgia foi totalmente comparticipada pelo estado.
Foi uma cirurgia percutânea, o que significa que foi feita da forma menos invasiva possível: apenas 3 furinhos em cada pé por onde foram operados os instrumentos. Isto significa um menor número de cicatrizes e uma recuperação mais rápida.
Fiquei internada apenas uma noite, e tive alta logo na manhã seguinte. Pude sair pelo meu próprio pé, com ajuda de canadianas, e sem calçado especial no meu caso específico.
Estava muito bem disposta e não sentia dores (estava a tomar analgésicos), mas não conseguia colocar os pés no chão de forma conveniente, o que me dava aquele andar de gato com pantufas...
Dia 1 - A saída do hospital. |
Quando saí do hospital fui comprar uns crocs 2 números acima, e foi com eles que andei durante duas semanas. Tinham forro amovível e eram muito fofinhos e leves.
Os meus pés traziam muitas ligaduras com um almofadado na zona plantar. Eram confortáveis e quentes, e é por isso que acho que esta seja a melhor altura do ano para fazer esta cirurgia. Nem imagino o calor que se deve sentir no Verão! Já para não falar que estamos muito mais limitados em matéria de calçado (no Inverno pude calçar os crocs e logo em seguida umas botas rasas acolchoadas).
É necessário muito repouso, pés levantados e aplicações regulares de gelo. Até à data da remoção das ligaduras e pontos (12 dias depois), tomei banho sentada num banquinho dentro da banheira e com os pés para fora para não os molhar.
Dia 1 |
É necessário muito repouso, pés levantados e aplicações regulares de gelo. Até à data da remoção das ligaduras e pontos (12 dias depois), tomei banho sentada num banquinho dentro da banheira e com os pés para fora para não os molhar.
Alguns dias depois, os dedos dos pés começam a ficar negros e inchados, e isso é normal.
Dia 5 |
Eu conseguia fazer muita coisa em casa: arrumar os quartos, tratar da roupa e preparar refeições ligeiras; só não podia era ficar de pé muito tempo seguido.
No dia 6, comecei a conduzir em trajectos curtos (ir levar e buscar os miúdos à escola). Foi óptimo conseguir fazer isso passados tão poucos dias da cirurgia.
A segunda semana foi talvez a pior. Sentia-me muito cansada e desanimada. Após esse período, senti sempre melhorias a cada dia que passava.
No dia 12, fui tirar as ligaduras e os pontos: apenas 3 pontinhos em cada pé. Comecei a usar uns separadores interdigitais que terão de ser usados 24 horas por dia durante um mês (ainda os tenho neste momento). Foi-me aplicado um penso líquido nas feridas, que não pôde ser removido por 10 dias.
No dia 15, deixei de tomar os analgésicos que me foram prescritos e embora os pés ainda estivessem um pouco inchados, comecei a calçar umas botas rasas confortáveis. Quando andava na rua, usava uma canadiana para me auxiliar, mas em casa não era necessário.
Por volta da 4ª semana já podia andar quase normalmente (e sem a ajuda da canadiana), e dobrando ligeiramente o pé.
Agora, na 5ª semana, já consigo andar normalmente e até consigo colocar-me em bicos de pés sem apoio.
Estou contentíssima com os resultados e com o modo como tudo se processou.
Os meus pés ainda se estão a moldar á sua forma final, mas já consigo perceber que valeu tudo muito a pena.
O meu caso não era muito grave mas já me causava imenso mal estar. Desde os meus doze anos que esta situação começou a evoluir e tudo graças à minha herança genética (muito obrigadinha!).
Não me foi indicada qualquer fisioterapia ou tratamentos posteriores. Um mês e meio após a operação, irei a nova consulta para avaliação de resultados.
Ao contrário do que se pensa, é melhor tratar este problema numa fase inicial, ao invés de deixar que evolua.
Espero que o meu testemunho tenha elucidado algumas dúvidas, ou até incentivado a quem possa padecer deste mal. Cuide de si!
quinta-feira, 18 de outubro de 2012
Depois da Cirurgia, a recuperação
Primeiro de tudo, muito obrigada pelas palavras carinhosas que me escreveram.
A cirurgia correu muito bem, e fiquei internada apenas nessa noite. Estou em casa a recuperar e preciso de muito descanso, mas felizmente, não tenho quase dores nenhumas (yey) e posso apoiar-me nos pés e andar com a ajuda de canadianas.
A cirurgia a que fui submetida tem o nome de Correcção Percutânea Hallux Valgus Bilateral ( o que vulgarmente chamamos de Joanetes). Com as técnicas actuais, o meu problema pôde ser corrigido da forma menos invasiva possível: de forma percutânea, ou seja, foram efectuados apenas 3 furinhos no meu pé; e os instrumentos são comandados através de imagem raio-x.
Nestes primeiros dias, preciso manter os pés numa posição elevada e aplicar gelo com regularidade.
Consigo andar, mas movo-me de uma forma extremamente engraçada: pareço um gato de pantufas. É tal e qual.
Não uso calçado especial, ao contrário do que me tinha sido informado anteriormente.
No dia da alta, o médico disse-me que poderia usar uns sapatos estilo crocs, uns números acima (por causa do volume das ligaduras).
A alternativa seria uns sapatos ortopédicos planos (e não os baruks com tacão no calcanhar como me falaram), que custam uns 60€. Estranhei um pouco esta flexibilidade de escolha, mas a verdade é que não eram indispensáveis nem me serviam de continuação do tratamento (no meu caso específico), e por isso optei pelo calçado mais económico: 4,5€ pelos crocs. Ainda sinto o meu pé muito rígido, e prefiro andar descalça nestes primeiros dias (mas desloco-me o mínimo possível). Só daqui a 12 dias serão removidas estas ligaduras e os 3 pontinhos em cada pé.
Para quem tem receio de se submeter a esta correcção por medo, ou por ter ouvido histórias sobre dores atrozes, aqui deixo o meu testemunho.
Claro que cada caso é um caso, e haverá situações clínicas mais evoluídas do que a minha e que poderão provocar sensações diferentes, mas a verdade é que estou muito satisfeita com a minha recuperação e com a ausência de dores (apenas desconforto nalguns momentos, e cansaço).
De noite, até me esqueço que fui operada. Coloquei umas almofadas no fundo da cama para levantarem o edredon tipo tenda, e eu poder mover os pés à vontade e não ter peso sobre eles.
Agora vou ali descansar mais um bocadinho. Até já!
A cirurgia correu muito bem, e fiquei internada apenas nessa noite. Estou em casa a recuperar e preciso de muito descanso, mas felizmente, não tenho quase dores nenhumas (yey) e posso apoiar-me nos pés e andar com a ajuda de canadianas.
A cirurgia a que fui submetida tem o nome de Correcção Percutânea Hallux Valgus Bilateral ( o que vulgarmente chamamos de Joanetes). Com as técnicas actuais, o meu problema pôde ser corrigido da forma menos invasiva possível: de forma percutânea, ou seja, foram efectuados apenas 3 furinhos no meu pé; e os instrumentos são comandados através de imagem raio-x.
Nestes primeiros dias, preciso manter os pés numa posição elevada e aplicar gelo com regularidade.
Consigo andar, mas movo-me de uma forma extremamente engraçada: pareço um gato de pantufas. É tal e qual.
Não uso calçado especial, ao contrário do que me tinha sido informado anteriormente.
No dia da alta, o médico disse-me que poderia usar uns sapatos estilo crocs, uns números acima (por causa do volume das ligaduras).
A alternativa seria uns sapatos ortopédicos planos (e não os baruks com tacão no calcanhar como me falaram), que custam uns 60€. Estranhei um pouco esta flexibilidade de escolha, mas a verdade é que não eram indispensáveis nem me serviam de continuação do tratamento (no meu caso específico), e por isso optei pelo calçado mais económico: 4,5€ pelos crocs. Ainda sinto o meu pé muito rígido, e prefiro andar descalça nestes primeiros dias (mas desloco-me o mínimo possível). Só daqui a 12 dias serão removidas estas ligaduras e os 3 pontinhos em cada pé.
Para quem tem receio de se submeter a esta correcção por medo, ou por ter ouvido histórias sobre dores atrozes, aqui deixo o meu testemunho.
Claro que cada caso é um caso, e haverá situações clínicas mais evoluídas do que a minha e que poderão provocar sensações diferentes, mas a verdade é que estou muito satisfeita com a minha recuperação e com a ausência de dores (apenas desconforto nalguns momentos, e cansaço).
De noite, até me esqueço que fui operada. Coloquei umas almofadas no fundo da cama para levantarem o edredon tipo tenda, e eu poder mover os pés à vontade e não ter peso sobre eles.
Agora vou ali descansar mais um bocadinho. Até já!
segunda-feira, 15 de outubro de 2012
Pausa no Blog
Amanhã será o dia da cirurgia. Um dia muito aguardado há mais de 2 anos, e que eu espero que venha ajudar a diminuir as dores que sinto ao caminhar, e os desvios inestéticos que os meus pés têm vindo a sofrer desde os meus doze anos.
Tenho andado bastante atarefada com últimos exames e a tentar deixar a casa toda em ordem, de modo que não poderei responder por agora aos emails.
Estarei em repouso nos próximos dias, mas espero (estou optimista!) retomar os posts já para a semana.
Até breve!
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