A palavra velharia soa-me por vezes, um pouco depreciativa no que toca a avaliar objetos antigos, e o termo antiguidade parece-me por outro lado, snob e pretencioso porque conduz a uma temática de objetos com mais valor e em princípio, centenários. Vintage é outro termo possível, mas a ser fiel, o artigo em questão deverá ter mais de 20 anos e apresentar um certo estilo artístico e ser de boa qualidade. Por outro lado, tentar safar-me e chamar somente antigo pode levar a interpretações dúbias: o que é antigo para mim poderá não o ser assim tanto para outra pessoa.
Com valor ou sem valor - até porque este é um campo em que quem o determina é o meu coração - descobri que os objetos antigos podem fazer muito por uma decoração enriquecendo-a, tornando-a especial e única e até oferecer-lhe um certo carisma. E quando digo decorar, quero dizer usufruir deles, usá-los, vê-los, senti-los. Caso contrário não vale a pena tê-los em casa. Não sei porquê, mas os melhores lençóis em que me posso deitar no verão são precisamente os mais antigos que tenho. E se não os tivesse tirado do baú nunca teria concluído isso.
Gosto de combinar peças de todas as épocas, géneros e feitios desde que goste delas, claro. A palavra chave é mesmo combinar, e saber fazê-lo bem pode tornar os ambientes muito interessantes. Por outro lado, usá-los mal poderá fazer parecer que estamos apenas a acumular coisas, ou criar uma decoração e presença datada.
Algumas das minhas velharias acompanham-me desde pequena, umas foram oferecidas, outras comprei em segunda mão... até achei tesourinhos à beira do contentor! Às vezes ponho-me a pensar no percurso delas, nos seus donos, nas energias que elas transportaram até chegarem até mim.
Quando não conheço a proveniência (mas também quando conheço), lavo muito bem o objecto, ou no caso de mobiliário gosto de arejar bem as madeiras na rua, de preferência expostas ao sol. Isto ajuda a remover cheiros de humidade e da própria casa dos seus antigos donos. Deixa-os a modos que prontos para se sintonizarem numa nova frequência: a nossa. Estes são alguns cuidados que aprendi com a querida Hazel.
Conjunto de veados em latão (eBay) |
Mesa com tampo em mármore encontrada à beira do contentor |
Poltrona de fabrico suíço anos 70. Troca. |
Maleta Samsonite, andava perdida na nossa própria garagem a servir de arrumação para as lixas... |
Espelho em madeira ornamentada encontrado na minha rua à beira do contentor. Obrigada vizinho! |
Mesinha de cabeceira restaurada, oferta de familiares. |
As minhas mais recentes aquisições são estes potes altos azuis. Encontrei-os através de um grupo apreciador de velharias no Facebook, e foram uma pechincha tendo em conta o valor que custariam novos numa loja. Adoro-os e gosto muito de usá-los juntos ou separados.
Através de outro grupo, encontrei uma mesinha de cabeceira (mais uma!...) que comprei para alterar e que neste momento está quase pronta.
Como nota final, gostaria de dizer que não gosto só de velharias (nem pouco mais ou menos!). Confesso que encontro muitos objetos antigos que considero medonhos, e que embora alguns lhes atribuam muito valor e /ou lhes teçam largos elogios, eu não os quereria nem dados. Mas isso acontece da mesma forma com coisas novas, em lojas modernas. O facto de serem velharias não é por isso, motivo suficiente para eu gostar delas.
Por outro lado, a simbiose entre objetos antigos e novos que me são queridos encanta-me, e é esse sentimento que procuro passar com este texto.
Boa semana!