quarta-feira, 21 de novembro de 2012

O Primeiro Mês da minha Cirurgia

Recebi bastante interesse da parte de vários leitores que queriam saber os pormenores da cirurgia a que fui submetida: correcção percutânea Hallux Valgus. 
Decidi descrever e condensar o primeiro mês desde a cirurgia num só post, coisa que eu gostaria de ter lido quando me preparava para este procedimento.

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Os desvios inestéticos nos meus pés provocavam-me dores e feridas com quase todo o tipo de calçado (e não estou a falar de saltos altos). Ultimamente calçava só sabrinas, mas a dor ao fim do dia estava sempre lá: subia pelo peito do pé e chegava até à perna. Nas costas também sentia enorme cansaço e dor localizada.

Falei inicialmente neste problema ao meu médico de família que me indicou um hospital ortopédico. Apenas tive de pagar (isto suscitou algumas perguntas) a consulta inicial e uma radiografia, o que rondou os 10,50€ (com credencial do centro de saúde). A cirurgia foi totalmente comparticipada pelo estado.

Foi uma cirurgia percutânea, o que significa que foi feita da forma menos invasiva possível: apenas 3 furinhos em cada pé por onde foram operados os instrumentos. Isto significa um menor número de cicatrizes e uma recuperação mais rápida.

Fiquei internada apenas uma noite, e tive alta logo na manhã seguinte. Pude sair pelo meu próprio pé, com ajuda de canadianas, e sem calçado especial no meu caso específico.
Estava muito bem disposta e não sentia dores (estava a tomar analgésicos), mas não conseguia colocar os pés no chão de forma conveniente, o que me dava aquele andar de gato com pantufas...

Dia 1 - A saída do hospital.

Quando saí do hospital fui comprar uns crocs 2 números acima, e foi com eles que andei durante duas semanas. Tinham forro amovível e eram muito fofinhos e leves.

Os meus pés traziam muitas ligaduras com um almofadado na zona plantar. Eram confortáveis e quentes, e é por isso que acho que esta seja a melhor altura do ano para fazer esta cirurgia. Nem imagino o calor que se deve sentir no Verão! Já para não falar que estamos muito mais limitados em matéria de calçado (no Inverno pude calçar os crocs e logo em seguida umas botas rasas acolchoadas).

Dia 1

É necessário muito repouso, pés levantados e aplicações regulares de gelo. Até à data da remoção das ligaduras e pontos (12 dias depois), tomei banho sentada num banquinho dentro da banheira e com os pés para fora para não os molhar.

Alguns dias depois, os dedos dos pés começam a ficar negros e inchados, e isso é normal.

Dia 5

Eu conseguia fazer muita coisa em casa: arrumar os quartos, tratar da roupa e preparar refeições ligeiras; só não podia era ficar de pé muito tempo seguido.

No dia 6, comecei a conduzir em trajectos curtos (ir levar e buscar os miúdos à escola). Foi óptimo conseguir fazer isso passados tão poucos dias da cirurgia.

A segunda semana foi talvez a pior. Sentia-me muito cansada e desanimada. Após esse período, senti sempre melhorias a cada dia que passava.

No dia 12, fui tirar as ligaduras e os pontos: apenas 3 pontinhos em cada pé. Comecei a usar uns separadores interdigitais que terão de ser usados 24 horas por dia durante um mês (ainda os tenho neste momento). Foi-me aplicado um penso líquido nas feridas, que não pôde ser removido por 10 dias.


No dia 15, deixei de tomar os analgésicos que me foram prescritos e embora os pés ainda estivessem um pouco inchados, comecei a calçar umas botas rasas confortáveis. Quando andava na rua, usava uma canadiana para me auxiliar, mas em casa não era necessário.

Por volta da 4ª semana já podia andar quase normalmente (e sem a ajuda da canadiana), e dobrando ligeiramente o pé. 
Agora, na 5ª semana, já consigo andar normalmente e até consigo colocar-me em bicos de pés sem apoio.

Estou contentíssima com os resultados e com o modo como tudo se processou.
Os meus pés ainda se estão a moldar á sua forma final, mas já consigo perceber que valeu tudo muito a pena.

O meu caso não era muito grave mas já me causava imenso mal estar. Desde os meus doze anos que esta situação começou a evoluir e tudo graças à minha herança genética (muito obrigadinha!).

Não me foi indicada qualquer fisioterapia ou tratamentos posteriores. Um mês e meio após a operação, irei a nova consulta para avaliação de resultados. 

Ao contrário do que se pensa, é melhor tratar este problema numa fase inicial, ao invés de deixar que evolua.
Espero que o meu testemunho tenha elucidado algumas dúvidas, ou até incentivado a quem possa padecer deste mal. Cuide de si!

31 comentários

  1. Nossa, fico muito feliz por está quase totalmente recuperada.Deus abençoe você!

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  2. Olha eu já tinha ouvido falar nessas cirurgias, são os famosos joanetes não é? Eu às vezes também sinto dores no pé direito principalmente do lado direito, tenho um desvio ligeiro naquele ossito e é isso que provoca as dores... é herança genética mas o calçado desconfortável, saltos altos e formatos inadequados principalmente bicudos agravam o problema, durante muitos anos eu usei saltos altos e sapatos nem sempre muito apropriados, agora tenho muito cuidado ao escolher, enfim espero que não nunca seja preciso recorrer à cirurgia (sou uma medricas). Obrigado por partilhares o teu testemunho, beijinhos e tudo a correr bem :)

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    1. Sim Sónia, é o que vulgarmente chamamos de joanetes.
      No meu caso, o avanço era inevitável independentemente do tipo de calçado. Vejo isso pelos pés do meu pai e dos meus avós, que nunca usaram saltos altos... :)

      A partir de agora vou continuar a ter cuidado em escolher os sapatos mais apropriados para mim, mas com muito mais liberdade de escolha a nível estético: adoro aquelas chinelas simples todas «pipi» com strass e nunca comprava porque achava os pés feios. Mas no próximo Verão isso vai mudar! Beijinho.

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  3. Olá, apareci aqui por acaso e deparei-me logo com um post interessantissimo ... eu tinha a ideia que era uma cirurgia muito dolorosa

    Rápidas melhoras!!
    Bjinhos e até breve.
    Teresa

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    1. Olá e obrigada!
      De facto, a ideia de que é uma cirurgia complicada, atrozmente dolorosa e de difícil recuperação continua na mente geral. Antigamente era realmente assim, mas com os avanços da medicina pode ser uma experiência como a que descrevi.
      Beijinho

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  4. Obrigada pelas tuas palavras Paula.
    Hesitei em escrever este post, e em partilhar esta experiência. É bastante íntimo. No entanto, e como tive vários leitores que me enviaram o seu testemunho pessoal do problema, assim como dúvidas sobre os preços, a recuperação em geral, etc, achei que poderia mostrar o meu próprio testemunho.

    Olha, e obrigada pelo elogio :) És sempre muito simpática!
    Beijinho

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  5. Olá Carla desde já obrigado por partilhares esta tua experiência e fizeste-me a mim marcar uma consulta no meu medico de família já ...para ontem eu identifiquei-me bastante na tua descrição das dores ao final do dia fosse la que tipo de calçado seja.... vou marcar a consulta;) mas hereditário...a minha irmã tem 13 anos e já tem :( já fomos ao ortopedista que lhe receitou por agora uns separadores de dedos mas com a parte de baixo do pé tb são diferentes dos teus ! para ver se escapa a cirurgia ,mas logo jÁ lhe vou mstrar aqui o teu testemunho pois ela coitadinha anda tão aflita se tiver de ser operada porque já ouviu dizer coisas muito más .... bjs e obrigado foste uma boa ajuda ;)

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    1. Olá Susie!
      Fico muito feliz que o meu relato te tenha incentivado a resolver este problema tão chato. É um procedimento muito simples e que não devia deixar margem para medos: é pura falta de informação.

      Vai dando notícias! Beijinho.

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  6. Não é realmente um assunto muito chique... e só quem tem conhecimento de causa é que sabe o que custa. Beijo*

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  7. Olá Carla,

    A diferença do antes e depois é notória. Ainda bem que a tua recuperação foi boa.

    Beijinhos

    Maria João

    A minha página: Estela Pimpinela no Facebook

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  8. As rápidas melhoras!

    E espero ver brevemente mais posts sobre decoração que são sempre muito interessantes!

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  9. Gostei muito deste teu post.
    Não tenho esse problema, mas há muita gente que tem. O que escreveste aqui é muito importante porque desmistifica ideias pré-concebidas e certamente ajudará quem padece do mesmo mal, mas que receia fazer uma cirurgia corretiva.
    A diferença do antes para o depois é notória. Além de uma questão estética é uma questão de saúde que a adiar só te estava a trazer problemas maiores, como bem referiste.
    Fizeste a melhor escolha, Carla. E afinal dentro do chato que é uma recuperação pós-operatória, as coisas correram lindamente.
    Desejo-te tudo de bom.
    Beijinho.

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    1. Obrigada pelo teu comentário Luarte.
      De facto, a recuperação não é o «bicho de sete cabeças» que as pessoas ainda concebem nos dias que correm.
      E os meus pézinhos já apresentam melhorias significativas desde a última fotografia aqui publicada (tirada aos 15 dias). Estou mesmo muito satisfeita.
      Beijinho

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  10. Estou feliz que você está bem! Sua primeira foto sorrindo está tão linda! Ainda bem que está se passando tudo muito rápido (acho que já não sente mais tantos incômodos). Mas espero que já esteja tudo bem!
    Beijos! :)

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    1. Obrigada Luana! Nessa foto eu ria-me e dizia ao meu marido: em vez de me amparares para eu não cair estás aí a tirar fotografias...

      Beijo e bom fim de semana*

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  11. Que bom que o "mau tempo" já passou...Sem dores ainda estás mais bonita!!!
    Tudo de bom para ti.
    Bjs

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  12. Ainda bem que tudo correu bem!
    Beijinhos

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  13. Eu não fazia a menor ideia de que se tratava de um problema, os desvios assim no pé. Pensei que era só a forma do pé de cada um... Por acaso conheço uma pessoa próxima que tem esses desvios e se calhar podia melhorar a sua qualidade de vida com este tratamento. Ainda bem que testemunhaste, obrigada por teres partilhado connosco :)

    beijinhos e bom resto de recuperação

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  14. Boa tarde.
    Sigo o seu blog há algum tempo e gostei muito deste post porque o encontrei pouco tempo antes de eu ser operada, em Março deste ano.
    O método de operação foi diferente do seu e o pós-operatório também, eu tive que usar sandálias de barouk 5 semanas. Está a fazer 7 semanas que fui operada, já tenho os pés no chão, ordem para regressar à minha vida normal a pouco e pouco, etc, mas não consigo calçar nada do que tinha!!! Tive que comprar umas botas "fofas" um número acima. Eu sei que cada caso é um caso, mas a si aconteceu isto? Quando é que se consegui calçar normalmente?
    Obrigada.
    Helena Veiga

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    1. OLá Helena!
      De facto, cada caso é um caso. Ao 15º dia eu já conseguia calçar umas botas rasas e muito fofinhas por dentro, o que tornava a experiência de caminhar muito positiva. Um mês depois já conseguia calçar sabrinas e todo o tipo de calçado raso que possuía. Aos poucos, fui conseguindo calçar um pouco de cunha (por volta do 3º mês).
      Neste momento, passaram 5 meses desde a minha cirurgia. Não consigo usar saltos altos porque ainda sinto um desconforto no pé esquerdo, que antes era dor, mas como até me habituei a usar calçado baixinho isso não é um problema.
      Com o tempo, a dor desaparece por completo e acredito que possa vir a usar todo o tipo de calçado que possui. No meu caso, os pés ficaram ligeiramente mais curtos, ao contrário do que pensei inicialmente (se fosse esse o caso, teria de substituir tudo, e isso seria um grande transtorno!), mas não o suficiente para mudar de número. Provavelmente esse número acima deve-se ao facto de os seus pés ainda apresentarem algum inchaço, mesmo que isso não seja muito aparente.
      O meu médico aconselhou-me também alguns exercícios, como caminhar na areia da praia, e andar em bicos de pés para melhorar o desempenho das articulações e aliviar a dor.

      As melhoras para os seus pezinhos! Abraço.

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  15. Boa tarde, obrigado por partilhar a sua história, pois ajuda bastante a desmistificar tudo o que se ouve acerca da mesma.
    Conforme diz na sua história, a sua cirurgia foi totalmente comparticipada pelo estado, o que eu queria saber (se possível) era quanto tempo decorreu desde que requereu a cirurgia até a mesma acontecer.
    Obrigado pela atenção,
    Sónia

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    1. Olá Sónia. Eu entreguei todos os exames pedidos obrigatórios (rx tórax e análises sanguíneas) assim como a credencial de internamento em Junho e fui operada em Outubro. Abraço

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    2. olá, obrigado. Abraço

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  16. Luciana costanovembro 22, 2014

    Boa noite,obrigada por partilhar a sua história,fico bem mais descansada, vou fazer nos dois pés espero que corra tudo bem..

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  17. Também vou fazer esta operação e ler o seu testemunho foi muito importante para tirar dúvidas, sabendo sempre que à partida cada pessoa tem o seu ritmo de recuperação.

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  18. Vou operar desta cirurgia amanhã... Estava com muito medo e depois do seu relato me sinto mais tranquila e confiante! Obrigada por dividir essa experiência :)
    Beijo

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  19. Eu Fuz uma bem mais invasiva. Porque alem do halux valgo também tenho os dedos em garra e metatarsalgia. Ou seja os metatarsos são grandes eram. Mas o que mais me DOI é o hálux valgo...estou a 48 h depois da cirurgia.. A 2a semana será pior?

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  20. Olá Joana! Cada paciente é diferente, e é difícil comparar recuperações porque serão sempre diferentes. Eu sentia-me bastante bem na primeira semana, conseguia fazer várias coisas e até ir levar os miúdos à escola. Depois na segunda semana é que me foi um pouco difícil: dores e desânimo, mas não sei bem porque me senti assim, porque fora esses dias, a recuperação foi sempre gradual e fui-me sentindo sempre melhor e mais apta.
    Desejo-lhe rápidas melhoras e espírito positivo, que eu julgo ser um ingrediente essencial em qualquer recuperação (assim como na vida :)

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  21. Obrigado por ter falado sua experiencia !
    tenho muita vontade de fazer, mas tenho medo de demorar minha recuperação. quanto tempo será que eu vou poder voltar a fazer musculação ?
    Pela data já faz alguns anos que vc fez essa cirurgia , como está seu pé hoje em dia , poderia postar fotos ? Obrigado ,

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    1. A minha operação foi há 3 anos e eu não podia estar mais satisfeita. Depois deste post, fiz um outro passados 18 meses onde mostro como ficaram os meus pés e ondo falo mais um bocadinho da experiência, é este aqui.
      Desde essa altura que os meus pés se mantêm direitinhos e não sinto dores residuais nem em qualquer articulação, posso dizer que já nem me lembro de como era custoso caminhar antes da cirurgia.

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